Quase 60 militares retomaram as buscas pelos desaparecidos nesta semana | Foto: Corpo de Bombeiros / Divulgação / CP

Um ano e sete meses após o rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, na Grande BH (Belo Horizonte), a lama de rejeitos úmida e pesada deu lugar a um material seco, que se parece com uma terra mais leve. Essas novas características do terreno dão ânimo e esperança aos 60 bombeiros que retomaram nesta semana as buscas pelas 11 vítimas que seguem desaparecidas. A expectativa do grupo é conseguir concluir o trabalho até o mês de novembro, quando começa a temporada de chuva.

O coronel Alexandre Gomes, comandante das operações, explica que o rejeito molhado torna o trabalho mais demorado. Nesta situação, a equipe usa tratores e escavadeiras para remover a lama da área vistoriada e o material é colocado para secar. Só em seguida é possível fazer uma varredura completa para saber se há algum sinal das vítimas.

— Agora que o terreno está seco, nós conseguimos ver imediatamente qualquer indicativo. Além disso, vamos poder dar mais profundidade nas escavações, que podem chegar a até 10 metros de profundidade para ter acesso ao terreno natural.

A mudança no solo foi causada pela falta de chuvas significativas na região e por um processo de drenagem feito pela Vale enquanto as buscas estiveram suspensas. O trabalho ficou interrompido por 158 dias devido à pandemia da covid-19.

Neste retorno, a equipe de inteligência fez cálculos baseados no histórico de cada um dos desaparecidos para definir onde são os locais mais prováveis para localizá-los. Segundo o coronel Gomes, seis áreas prioritárias foram definidas para as buscas. Entre elas estão os acessos à pousada e ao pontilhão levados pela lama.

— Nosso planejamento foi feito para atuarmos dentro dessa janela de estiagem. Era para ter sido reiniciado em junho, mas a pandemia não permitiu. Quando começar a chover, vamos ter que nos replanejar, mas estamos muito perseverantes e acreditamos nesta nova estratégia.

Os bombeiros contam no momento com quase 50 máquinas pesadas e drones para fazer a varredura da região atingida por 10,7 milhões de metros cúbicos de rejeitos. O volume de lama é suficiente para construir quatro da maior pirâmide do Egito, que mede 140 metros de altura.

Corpo encontrado

Durante o primeiro dia da retomada, o Corpo de Bombeiros localizou uma suposta parte de corpo. O material foi encaminhado para a perícia da Polícia Civil, que vai analisar se se trata de um membro humano e se ele é de algum dos desaparecidos.

DEIXE UMA RESPOSTA

Digite seu comentário!
Favor preencher seu nome aqui