O escritor e jornalista Tom Wolfe, autor de a Fogueira das Vaidades (1987), morreu aos 87 anos, segundo informaram nesta terça-feira diversos veículos de comunicação norte-americanos. O autor era considerado um dos pais do New Journalism (Novo Jornalismo ou jornalismo literário), corrente jornalística que usava elementos da literatura para narrar fatos reais, com técnicas narrativas próprias da ficção, mas sempre respeitando o rigor dos fatos, que teve como expoentes nomes como Gay Tales, Norman Mailer e Truman Capote.

Segundo o jornal The New York Times, Tom Wolfe estava internado em um hospital de Manhattan, em Nova York, e morreu na segunda-feira, 14 de maio. Além da ficção Fogueira das Vaidades, romance que vendeu nos EUA mais de dois milhões de exemplares e foi transformado em filme pelo cineasta Brian De Palma, o autor escreveu dezenas de livros de ficção e não-ficção. Era um devoto do realismo, que cultivou em três romances faraônicos de mais de 600 palavras. Para o escritor e jornalista, havia quatro premissas básicas para escrever, de forma vívida, um relato realista: “Construir um texto, cena por cena, como uma novela; usar a maior quantidade de diálogos possíveis; concentrar-se nos detalhes para definir os personagens; e adotar um ponto de vista para contar uma história”. Seu último romance, Sangue nas Veias (editora Rocco), foi lançado em outubro de 2012.

Famoso desde os anos 1970 por seus trajes impecáveis de três peças e camisas de colarinho branco engomadas, Wolfe era um homem simpático, com incontáveis histórias por trás de algumas de suas maiores reportagens, como o perfil que escreveu do jovem Cassius Clay, o Muhammad Ali. “Passamos cinco dias juntos e me respondeu tudo, com nada. A diferença foram os detalhes: as conversas com seus companheiros, os aduladores, a noite em que desapareceu de uma casa noturna e nos deixou uma conta monstruosa a pagar…”, relatou, certa vez.

Questionado em 2014 por este jornal sobre os efeitos negativos que o Novo Jornalismo teve sobre sua profissão, Tom Wolfe respondeu: “O abuso da primeira pessoa no singular. Uma falha que eu mesmo cometi. Meu primeiro texto, The Kandy-Kolored Tangerine-Flake Streamline Baby (1965), sobre a cultura automobilística da Califórnia, comecei escrevendo: ‘A primeira vez que vi um carro personalizado… ‘. A menos que você seja parte da trama, crio que é um erro escrever em primeira pessoa”, afirmou.