Lula deverá vir a Porto Alegre na próxima terça-feira, véspera do seu julgamento no TRF4. O ex-presidente deve participar de dois atos marcados na Capital por movimentos de esquerda. Na quarta, dia do julgamento, o líder petista não deverá permanecer na cidade. “Cresceu muito a possibilidade de Lula estar em Porto Alegre. Restam algumas tratativas com seus advogados. Diria que a chance é de 80% para que ele esteja aqui no dia 23”, indicou ontem o vice-presidente estadual do PT, Carlos Pestana, em entrevista coletiva chamada pelos movimentos sociais engajados na ação.

Pestana revelou que a intenção é contar com a participação de Lula no ato político que está marcado para ocorrer por volta das 20h, na esquina Democrática, no Centro da Capital. O ato precederá uma marcha, para a qual os organizadores estimam milhares de participantes. “Estamos esperando cerca de 50 mil pessoas. Organizamos um sistema de segurança. estamos preparados para reveber bem a todos e todas que desejarem participar das atividades”, afirmou o presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo.

Durante a coletiva, os integrantes da Frente Brasil Popular também divulgou o resultado da negociação com a Secretaria de Segurança Pública do Estado e com o Ministério Público Federal, na qual ficou designado o espaço ao largo do Anfiteatro Pôr-do-Sol. “Consideramos que este espaço está de acordo com as necessidades das manifestações. Este acordo estabeleceu um importante avanço, pois definiu compromisso de organização e segurança para todos”, comentou Nespolo.

A expectativa é de que Lula permaneça em Porto Alegre na noite de 23. Após o ato político, os manifestantes que entrarão na cidade pela Avenida da Legalidade, seguirão pela Borges de Medeiros e Ipiranga até o Anfiteatro, cujo perímetro será controlado pela Brigada Militar. Os manifestantes permanecerão em vigília no local até o resultado do julgamento.

Nesta sexta-feira, em entrevista a a jornalistas estrangeiros que uma eventual impugnação de sua candidatura à Presidência da República, consequência provável de uma condenação, seria uma “fraude”. Além disso, o petista declarou que vai continuar “brigando” até o final para concorrer no pleito de outubro.

“Na minha vida eu não conheço a palavra desistir e não faço uso dela”, disse Lula nesta quinta-feira, a representantes dos jornais El País, The New York Times, The Guardian, La Nación, Die Zeit e Liberátion. A entrevista está estampada na capa do jornal El País, da Espanha, desta sexta-feira. “Se o Lula for proibido de ser candidato por uma decisão política do judiciário, obviamente está se montando uma fraude”, disse o ex-presidente, referindo-se a ele próprio.

Na conversa com os jornalistas estrangeiros, feita na sede do Instituto Lula, em São Paulo, o petista voltou a se declarar inocente da condenação do juiz Sérgio Moro, em primeira instância na Operação Lava Jato, após ter sido acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá (SP). “A aceitação (da denúncia) tal como ela foi me faz supor que estamos diante de um processo mais político do que jurídico.” “Eu não posso julgar o que vai decidir o tribunal porque eu não conheço nenhum juiz. A única coisa que eu espero é que eles tenham lido o processo e com base nisso eles decidam respeitando o Código Penal e a Constituição”, disse Lula sobre o julgamento do dia 24.