Foto: Polícia Civil do Rio de Janeiro cumpriu em 10 de agosto cinco mandados de prisão e outros de busca, apreensão e bloqueio de bens. Crédito: Polícia Civil do Rio de Janeiro / Divulgação

Geneviève Boghici, 82 anos, que sofreu um golpe milionário estimado em R$ 720 milhões, falou pela primeira vez com a imprensa sobre o crime do qual foi vítima. Em entrevista concedida ao programa Fantástico e exibida no domingo, 14, a idosa comentou sobre a relação com a filha, Sabine Boghici, presa em 10 de agosto por suposto envolvimento no esquema.

Geneviève preferiu conceder a entrevista sem revelar o rosto e optou por escrever um texto em que relatou a situação que viveu durante mais de um ano, quando, além do golpe sofrido, foi mantida em cárcere privado e ameaçada de morte por uma quadrilha. A mulher afirmou que, apesar de ter tido oportunidade de fugir e denunciar os envolvidos no crime, não conseguiu antes porque ficou muito abalada, principalmente pelo fato de saber da participação da filha.

“Não procurei mais cedo a Justiça porque meu estado físico e emocional estava muito abalado e eu estava também com muito medo. Não é fácil falar de uma filha, ainda mais numa situação dessa”, diz em trecho do texto.

Na mensagem, a idosa também disse não entender os motivos que levaram a filha a arquitetar o golpe, já que ela, como mãe, sempre foi afetuosa e não deixou que nada faltasse à Sabine. Além disso, a vítima citou a mudança de comportamento da filha, que teria ficado mais agressiva.

“Filha que foi criada com muito amor, com carinho e todo conforto, e que de repente vira seu maior inimigo e pesadelo. Me fazendo temer pela própria vida”, diz outro trecho do texto lido por Geneviève durante entrevista.

Para a idosa, apesar de ela se sentir mais segura e confiar na Justiça para a resolução do caso, ainda há insegurança e muito medo devido às constantes ameaças sofridas pela quadrilha e por ter sido isolada do convívio com outras pessoas.

“Tenho muito medo. É um processo que está acontecendo e o medo não passou realmente”, afirmou.

Até o momento, a Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu, além da filha da vítima, outros três suspeitos: Rosa Stanesco Nicolau, que se apresentou à Geneviève Boghici como Mãe Valéria de Oxóssi , uma suposta vidente; Gabriel Nicolau Traslaviña Hafliger, filho de Rosa; e Jacqueline Stanescos, prima de Rosa. Duas pessoas continuam foragidas: Diana Rosa Aparecida Stanesco Vuletic , meia-irmã de Rosa, e Slavko Vuletic, pai de Diana e padrasto de Rosa.

Depois que foram presos e encaminhados para a Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa da Terceira Idade, em 10 de agosto, no dia seguinte, os suspeitos foram transferidos para o Presídio de Benfica, onde ficarão até o fim da investigação e resultado do processo.

Relembre o caso

Segundo a Polícia Civil do Rio de Janeiro, o golpe milionário teria iniciado em janeiro de 2020, quando Geneviève saía de uma agência bancária em Copacabana, no Rio de Janeiro. Na ocasião, a idosa foi abordada por uma mulher que se apresentou como Mãe Valéria de Oxóssi. A suposta vidente alertou à idosa que sua filha Sabine estaria doente e que teria pouco tempo de vida e, que, por conta disso, a mãe precisava fazer um tratamento espiritual.

Como a vítima acreditava em fatores místicos e sabia do histórico psicológico da filha, que desde a adolescência se mostrava agressiva, acabou procurando outras duas videntes para conferir se a história seria a mesma. As mulheres que a atenderam, que também faziam parte do suposto esquema de furto, repetiram a mesma versão da primeira.

Depois das consultas, Sabine, que teria ciência de toda a história, convenceu a mãe a investir o dinheiro em pagamentos para o “tratamento espiritual”. Em menos de três semanas, Geneviève efetuou oito transferência bancárias que somariam mais de R$ 5 milhões.

Além das transferências bancárias, Sabine teria se apossado dos quadros do acervo da família, que acabaram vendidos. As autoridades conseguiram recuperar até o momento três obras de arte que haviam sido vendidas para uma galeria em São Paulo. As peças recuperadas foram avaliadas em R$ 300 milhões ao todo.

Fonte: GZH

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