Surgida há milhões de anos, a araucária, árvore símbolo do Sul do Brasil, corre sério perigo. Um estudo da Universidade de Reading (Reino Unido) aponta que até 2070 a espécie deve ser extinta, sobrevivendo em pequenos refúgios – se houver cuidados adequados. Os motivos para isso são a destruição de seu habitat – atualmente, já reduzido em 90%, o aquecimento global, o constante desrespeito à legislação de proteção da espécie e a redução de sua diversidade genética. Nesse contexto, o projeto Conexão Araucária, executado junto aos agricultores familiares do Paraná, está em ação para restaurar áreas de floresta onde originalmente se desenvolviam as araucárias, visando à preservação desta e de outras espécies e à proteção das nascentes de rios. Um importante exemplo a ser compartilhado neste Dia da Árvore, 21 de setembro.

A iniciativa é desenvolvida pela Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da empresa Japan Tobacco International (JTI), que é também uma parceira operacional no desenvolvimento das atividades. O projeto vai recuperar cerca de 330 hectares em pequenas propriedades rurais distribuídas nos municípios de São Mateus do Sul, São João do Triunfo, Palmeira, Rio Azul, Mallet, Rebouças e Paulo Frontin, no Sudoeste do Estado paranaense. Dessa forma, também pretende que as áreas atendam ao Programa de Regularização Ambiental (PRA) e estejam em conformidade com o Código Florestal.

Por meio de técnicas de restauração, a iniciativa visa recompor Áreas de Preservação Permanente (APP) – matas ciliares, topos de morro e encostas – além de Unidades de Conservação, tais como parques nacionais, com espécies nativas da Floresta com Araucárias do bioma Mata Atlântica. Ela se diferencia de outros projetos de restauração por buscar recuperar a diversidade de espécies, incluindo as raras e ameaçadas, dando início a um processo que, ao longo dos anos, trará de volta a vegetação. “As ações de restauração ecológica realizadas pelo projeto contribuem para aumentar a conexão entre os remanescentes de Floresta com Araucária, hoje empobrecidos de espécies nativas, formando pequenos corredores por meio das APP. O empobrecimento dos fragmentos agrava a variabilidade dos exemplares, incluindo a da araucária, porque impede que populações de plantas com caraterísticas genéticas distintas se comuniquem”, afirma Alessandra Xavier, técnica da SPVS, destacando que, dessa forma, o projeto contribui para a manutenção das espécies ao longo do tempo.

Atualmente, o projeto já atua em 182 hectares de áreas de preservação permanente (APP) que serão restauradas em 156 propriedades. A JTI é a responsável por facilitar o diálogo da SPVS com os proprietários e acompanhar a evolução da restauração por meio de seus Técnicos de Agronomia.

Entre os produtores que participam do projeto, a consciência da necessidade da preservação tem avançado e eles demonstram otimismo com a restauração. “A gente tem que pensar no futuro. Se destruir tudo, amanhã ou depois não vou ter água, nem meus netos. Com o trabalho que estamos fazendo aqui, vai ter uma reserva bem cuidada, ainda mais com essa cerca que eles fizeram, pois eu até pensava em fazer, mas não seria tão bem feita como essa. Daqui um tempinho essa mata vai estar bem fechada, se Deus quiser”, afirma o agricultor Alceu Storé. Na propriedade de Walter Zakrzewski os resultados da restauração estão sendo sentidos. “Tenho aprendido muito sobre pensar no futuro, na preservação e na importância da preservação. Aqui, com o projeto Conexão Araucária, as nascentes estão escoando com mais facilidade, sem sentir a estiagem”, conta o produtor de tabaco, que também cultiva verduras, soja, milho, batata doce e cria galinhas.

A expectativa é de que com o tempo, o projeto também contribua para o desenvolvimento da agricultura. “Práticas sustentáveis como o Conexão Araucária são importantes para a sustentabilidade da natureza, com a qual a JTI tem um compromisso, mas também com a sustentabilidade do nosso negócio e dos agricultores. A recuperação da biodiversidade regional, o maior controle biológico das pragas, o aumento da presença de polinizadores, melhorias na fertilidade do solo, a melhoria na qualidade e quantidade da água e o auxílio da regulação climática são alguns dos benefícios que temos por meio desse projeto e são essenciais para termos as condições de continuar produzindo cada vez mais e melhor”, afirma Flavio Goulart, Diretor de Assuntos Corporativos e Comunicação da JTI. Além disso, o projeto ajuda a gerar empregos diretos para os municípios atendidos, por meio da capacitação e contratação de mão de obra local, além de criar oportunidades para que estudantes de universidades próximas participem e aprendam sobre as oportunidades da conservação da natureza.

Nem mesmo a pandemia e as restrições impostas para evitar a disseminação do coronavírus impediram o prosseguimento das atividades. Seguindo os protocolos de segurança, que incluem distanciamento social, uso de máscaras e higienização, os trabalhos de recuperação florestal foram seguidos naquelas propriedades onde os produtores permitiram. “Proteger as araucárias, outras espécies nativas e a nascente dos rios é uma necessidade urgente. E o próprio trabalho de recuperação não exige uma proximidade entre as pessoas, existe um espaçamento determinado entre o plantio das mudas e isso protege quem está trabalhando no projeto e o produtor”, afirma Goulart. Para ele, o projeto é um bom exemplo de como o esforço entre empresas, organizações da sociedade civil, governos e produtores é capaz de trazer avanços à preservação ambiental.

Como o projeto Conexão Araucária atua

  1. Primeiro, são feitas as reuniões de mobilização, durante as quais o projeto é apresentado e as dúvidas são esclarecidas. Interessado, o produtor assina uma autorização para a visita técnica da SPVS em sua propriedade.
  2. Na vista técnica é feita uma avaliação das APP (entorno de nascentes, margens de rios, lagos e lagoas, encostas entre outras) e, caso seja necessária a intervenção, é proposto o Plano de Restauração, conforme a legislação ambiental e em concordância com o proprietário. Neste momento o proprietário deve assinar uma autorização para restauração, assim garantirá o benefício em sua propriedade.
  3. No momento mais adequado a SPVS fará a restauração conforme o plano acordado com o proprietário.
  4. A SPVS orienta o proprietário em como fazer a manutenção das mudas para que elas cresçam fortes e protejam os cursos d’água como devem. Qualquer problema na restauração executada pelo projeto deve ser reportado ao Técnico de Agronomia da JTI.
  5. Em algumas propriedades, a SPVS realiza o monitoramento da evolução dos plantios para avaliar os resultados do projeto e prestar contas aos financiadores.

Sobre a JTI

A Japan Tobacco International (JTI) é uma empresa internacional líder em tabaco e vaping, com operações em mais de 130 países. É proprietária global de Winston, segunda marca mais vendida do mundo, e de Camel fora dos EUA. Outras marcas globais incluem Mevius e LD. Também um dos principais players no mercado internacional de vaping e tabaco aquecido com as marcas Logic e Ploom. Com sede em Genebra, na Suíça, emprega mais de 45 mil pessoas e foi premiada com o Global Top Employer por cinco anos consecutivos. A JTI é membro do Japan Tobacco Group of Companies.

No Brasil, são mais de mil colaboradores em 10 Estados além do Distrito Federal. A operação contempla a produção de tabaco – por meio de 11 mil produtores integrados no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná – compra, processamento e exportação de tabaco, fabricação, venda e distribuição de cigarros em 16 Estados do Brasil. As marcas comercializadas são Djarum, Winston e Camel, essa última também exportada para a Bolívia. Em 2018, 2019 e 2020, a JTI foi reconhecida como Top Employer Brasil.

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