FOTO: SERGIO LIMA / AFP

Os corpos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips serão entregues às famílias de cada um na tarde desta quinta-feira, 23, segundo a Polícia Federal (PF). Os dois foram assassinados por pescadores durante uma expedição na região do Vale do Javari, no Amazonas, enquanto realizavam entrevistas para a produção de um livro e reportagens sobre invasões das terras indígenas da região.

Nesta quarta-feira, 22, a PF informou ter concluído a perícia dos restos mortais das duas vítimas. De acordo com a corporação, “as amostras biológicas apontaram a presença de dois perfis genéticos distintos nos remanescentes humanos” encontrados na semana passada.

“Os resultados encontrados estão em consonância com as análises de odontologia legal, da antropologia forense e da papiloscopia, que apontaram tratar-se dos remanescentes de Dom Phillips e Bruno Pereira”, disse a Polícia Federal. A corporação também declarou que “os trabalhos dos peritos do Instituto Nacional de Criminalística continuarão nos próximos dias concentrados na análise de vestígios diversos do caso”.

Três pessoas já foram presas por causa dos crimes: os pescadores Amarildo da Costa Oliveira — que confessou ter matado Bruno e Dom e indicou o local onde os corpos foram enterrados —, o irmão dele, Oseney da Costa de Oliveira, além de Jefferson da Silva Lima. Segundo a equipe de investigação, está sendo apurada a participação de, pelo menos, oito pessoas no caso.

O caso

O jornalista inglês Dom Phillips e o indigenista brasileiro Bruno Pereira desapareceram em 5 de junho, após terem sido vistos pela última vez na comunidade São Rafael, nas proximidades da entrada da Terra Indígena Vale do Javari.

O Vale do Javari, a terra indígena com o maior registro de povos isolados do mundo, é pressionado há anos pela atuação de narcotraficantes, pescadores, garimpeiros e madeireiros ilegais que tentam expulsar povos tradicionais da região.

Dom morava em Salvador, na Bahia, e fazia reportagens sobre o Brasil havia 15 anos para o New York Times e o Washington Post, bem como para o jornal britânico The Guardian. Bruno era servidor da Fundação Nacional do Índio (Funai), mas estava licenciado desde que foi exonerado da chefia da Coordenação de Índios Isolados e de Recente Contato, em 2019.

Na quarta-feira, 15, da semana passada, a Polícia Federal localizou os restos mortais dos dois. A corporação encontrou os cadáveres depois de o pescador Amarildo da Costa confessar os assassinatos e levar policiais até o local onde enterrou os cadáveres.

Segundo perícia da PF, o jornalista e o indigenista foram mortos com tiros de uma arma de caça. Segundo a corporação, Bruno foi atingido por dois disparos no tórax e no abdômen e outro no rosto. Dom foi vítima de um disparo na região entre o tórax e o abdômen.

Fonte: Correio do Povo

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